terça-feira, 3 de maio de 2011

Bullying não tem graça

As coisas nunca mais tiveram o mesmo encanto

Era uma vez um garotinho, cuidadosamente educado pela mãe e pelo avô. Um garoto que guardava dentro de si uma ingênua felicidade e dizia um sincero "eu te amo" com uma naturalidade incrível. Era uma vez um garoto que só pelo seu sorriso arranjava mais amigos do que ele sabia contar, que se sentia um príncipe em uma terra cheia de encantos. Era uma vez um pequeno garotinho, de nome Pablo Henrique, e ele vivia todos os dias um lindo jardim da infância.

No entanto quando entrou no fundamental esse garoto encontrou aquele que iria transformar seu jardim encantado em um verdadeiro inferno. O vilão da turma tinha nome e sobrenome, mas, assim como o eu, era conhecido pelos seus dois primeiros nomes: Luís Antônio. Ele tinha muitas vítimas, é verdade, mas a preferida dele era esse menino que insistia em ser feliz, que insistia em dizer 'te amo titia' para a professora, e principalmente que insistia em não revidar, pois o meu silêncio era o que o ofendia.

E conforme os dias, os meses, os anos foram passando o vilão só ganhava mais e mais capangas e eu perdia cada vez mais a minha infância, minha alegria, meu amor, a minha ingenuidade. Já não acreditava mais em tudo e também não era mais digno da confiança de todo mundo. Talvez por guardar tanta mágoa por tanto tempo, por ficar tantas noites pensando como matá-los, torturá-los, mas sabendo que nunca seria capaz de algo assim, eu teria perdido o que me fazia ter amigos, teria perdido o brilho no olhar. Tantos anos sendo saco de pancadas me fez depois reagir, mas não com ele ou com algum de seus capangas, mas sim com aqueles cuja amizade eu ainda conseguia conquistar.
Todos os dias mais pesado ficava meu coração

Então, de um ano pro outro ele se foi. Eu estaria livre, se minha mágoa não continuasse dentro do meu inconsciente. Eu cresci, virei o rapaz mais alto da sala, apesar de magricela eu queria ter o respeito que não tinha antes, eu desci meu nível e o que no começo era uns soquinhos de brincadeira ficou cada vez mais sério. Muitas e muitas vezes eu fui levado pra diretoria. A diretora, sempre atenciosa, não entendia como um menino que tirava as melhores notas era capaz de tanta violência. Batia nos alunos fracos, nos burros, nos feios... Só precisava de uma provocação, e pode ter certeza que elas sempre vinham, parecia que eles gostavam de apanhar.

Eu estava crescendo, o garoto que era um fraco, que era zoado por todo mundo, que no meio da aula de geografia chegou a desmaiar com as 'brincadeiras', que no meio da aula de matemática levou um peido horroroso na cara, e foi na cara mesmo, só faltou ele esfregar a bunda, que no final da aula tinha que sair rápido para não apanhar, que quando saia para caminhar com o avô tinha que fingir que os xingamentos não eram pra ele e pro avô, entre tantas outras coisas que nem lembro mais, agora era um rapaz que achava que estava endireitando as coisas, a base da violência. E ele era o mais forte e estava sempre certo.

A sala era o ring, nosso ego, a plateia

Então Luís Antônio voltou. Mesmo estando em salas diferentes foi só uma questão de tempo para que o caminho dos dois se cruzassem e foi o ex-capanga de Luís e principal saco de pancadas do Pablo quem juntou os dois: "Quem é mais forte?" ele disse, foi o suficiente. Lá estávamos nós, na sala depois da aula, nós e a nossa altura tão grande quanto a ignorância de nossos punhos. Ele me derrubou, duas vezes. Eu era maior, mas ele era mais forte. No fim ele disse "Parabéns, você virou um homem" e estendeu o braço. Fiquei tentado a apertar sua mão e talvez ser respeitado por ele finalmente, mas no momento eu percebi que eu não era assim, eu não era o que eu tinha feito, eu era só uma vítima desse ciclo vicioso que é o bullying. Então, a partir daquele momento eu aos poucos voltei a ser amigável e com as pessoas certas.

Mas ele não foi o último, já no ensino médio na minha primeira semana em outra escola um brutamonte tentou me jogar do segundo andar. O motivo? Eu interrompi o bullying que ele fazia com um dos meus amigos. Só de ver alguém se deixar ser zoado já me irrita profundamente e eu não consigo deixar quieto, meu trauma de bullying virou uma incontrolável revolta que até hoje habita em meu ser.

Mas Por que eu estou dizendo isso? Porque recentemente, com toda essa moda de falar de bullying, eu li em um blog de um jornalista famoso que estava preocupado não com o bullying, mas sim com o cuidado excessivo que estão tendo com os bullyings atualmente. Segundo a opinião dele o bullying faz um garoto virar um homem, o faz aprender a se virar sozinho, a ganhar força e autoconfiança quando este supera a valentia sem ajuda. 

Não guarde para sí, isso é o por que se pode fazer. Conte.

Sinceramente? O bullying que eu sofri só me fez deixar de transmitir o que eu sentia, só me fez ser um garoto tímido e retraído e mais tarde um jovem brigão e revoltado, só me fez não conseguir demonstrar o que eu sentia por meu avô, mesmo ele sempre dizendo que me amava, só me fez ter esse bloqueio invisível que existe entre mim e o resto do mundo, que todos os dias luto para superar, mas talvez ainda demore muito para que eu consiga dizer oralmente um "eu te amo". Bullying não tem graça e nem, pelo menos para mim, algum benefício.

2 comentários:

  1. Eu.. sinto a mesma coisa, fazem cmg isso na escola, ñ é legal, e agr eu estou aprendendo q não se pode confiar em muita gent. Ñ q alguém me bata, mas me ximgam muiito, já me mandaram coisas horrorosas pelo um site ae, já fui muito magoada, já chorei muito, e isso ainda não acba, parce q as pessoas gostam de ver as outras sofrer, isso não é legal !!

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  2. Poiseh Hinata-san, as pessoas podem ser bem crueis... Apesar de não te conhecer pessoalmente eu fico muito triste e revoltado por fazerem essas coisas ctg, espero que vc consiga superar e não se deixar abater por esses... esses... vermes parasitas de felicidade. Qualquer coisa pode falar cmg, eu posso somar aos seus amigos se quiser x)

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