sábado, 16 de abril de 2011

Na parada de ônibus

Ela estava lá, esperando o ônibus, ela e mais umas 50 pessoas. O ônibus estava demorando, mas quando finalmente chega e todos os outros 50 entram ela prefere não entrar, afinal é uma senhora de 56 anos e detesta ficar em pé em um ônibus lotado.

Deveria ter entrado, até porque esse ônibus demora muito passar e não é seguro ficar esse tempo todo sozinha na parada, ainda mais em um bairro onde o índice de assalto por metro quadrado é bem alto, mas ela não tem medo de assalto, a não ser que o assaltado seja um parente próximo, ou um parente, ou um amigo, ou um conhecido, ou simplesmente alguém que apareceu no jornal, mas não quando é ela.

Dez minutos depois, ainda esperando o ônibus, ela avista dois jovens sem camisa vindo em sua direção. Em vez de sair, ela prefere ficar, pois eles podem estar simplesmente indo pegar um ônibus... Não era bem isso que eles queriam pegar:

-Perdeu coroa! -Fala o primeiro maluco apontando o dedo. O outro fica atrás pra ela não escapar. -Passa o celular!


-Quem te disse que eu tenho celular?


-Tá me tirando coroa? Tô vendo ele no teu bolso! Pelo tamanho deve dar um bom bagunho!


Realmente é difícil esconder um Motorola V3. Então, como qualquer outra pessoa, por mais que amasse seu celular, ela entregou o celular, certo? Errado!

-Quem disse que eu vou te dar meu celular, moleque? Ora, vai estudar!


Nesse momento um homem se aproxima e os dois moleques percebem. O que estava de guarda sai correndo primeiro. Furioso, o outro maluco dá um tapa com toda a força no rosto da senhora e foge também. O homem então vai ao socorro da mulher:

-A senhora está bem?


-Estou, eles queriam meu celular, mas não levaram nada não.


-Minha senhora, mesmo que a senhora goste muito do seu celular, nesses casos é melhor nem reagir...


-Não senhor, na verdade eu tô esperando o ônibus pra comprar outro celular no centro, eu odeio esse celular!


É, tá com cara de piada mesmo, quem dera que a senhora não fosse a mulher que vive me dizendo pra eu ter cuidado, que vive me ligando e me dizendo diversas coisas a respeito de segurança e afins, quem dera que a senhora não fosse a minha avó.

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